A ressonância e o fantasma da doença


Oi, gente! A postagem de hoje não é informativa, é apenas um desabafo.

Fazer uma ressonância magnética nunca foi fácil para ninguém. Primeiramente pelas condições em que o paciente tem que se submeter: entrar em um tubo de diâmetro mínimo e ficar lá dentro imóvel em uma posição desconfortável por um tempo (que varia com a quantidade de áreas do corpo a serem visualizadas - no meu caso varia entre 1h e 1h30min) e abstrair o imenso barulho da máquina repetindo sons terríveis ao longo do processo. É você sozinho com seus pensamentos. Caso o paciente não consiga ou não queira passar por tudo isso acordado, existe a opção de fazer a ressonância com acompanhamento anestésico (que também não é uma escolha fácil de se fazer, afinal são mais drogas no corpo do paciente e horas de recuperação). Para mim, ficar naquela posição era tão dolorosa que mesmo inconsciente meu corpo tinha espasmos e sempre acordava dolorida.

O segundo motivo que torna a ressonância um exame difícil - e esse acredito que toca em todos - é o medo. O fantasma dos dias ruins, das incertezas sobre o sucesso dos tratamentos e do sentimento de que não tem para onde ir, que normalmente fica bem adormecido no dia-a-dia, aparece como um gigante quando "o grande dia" vai se aproximando.
- E se ele voltou a crescer? O que vou fazer? Vou voltar a fazer quimioterapia? Será que consigo pelo SUS? Eu li que existem novas drogas no mercado. Mas minhas dores não aumentaram, não pode ter crescido...

A preparação para entrar na sala é sempre um momento delicado para mim, me dá vontade de chorar, de desistir e sair correndo dali. Felizmente sempre consigo vencer o fantasma - que com o passar dos anos foi diminuindo a cada "tumor estável" que lia nos laudos. Sempre com a ajuda de meus pais e de profissionais empáticos que fazem o possível para me deixar confortável.

Hoje, por mais que para mim seja difícil, eu entendo que ainda assim sou privilegiada por ter um tumor estável e meu fantasma ter diminuído de tamanho. Foi lá dentro daquela máquina que pensei em todos esses 17 anos de luta contra o tumor desmóide e em como consegui vencê-lo (um tumor estável já é uma vitória grande, né?) que gostaria de dizer que você "desmoideano (a)" não está só e que existe uma luz no fim do túnel, por mais que nesse momento não pareça ter! É possível ficar bem, é possível conviver em harmonia com o diagnóstico.
Eu estou ha 7 anos apenas acompanhando o tumor anualmente e, apesar da sensação ruim que o exame me traz, consegui enxergar que era apenas isso, uma sensação que é  intensa, porém passageira e que não pode me vencer.

Te desejo força para suportar os piores dias e leveza para aproveitar os melhores.

This entry was posted by Carol Kanti. Bookmark the permalink.

2 thoughts on “A ressonância e o fantasma da doença”

Leave a Reply